quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

cura


Jennifer Poon "Sleep" charcoal & pastel on paper ~33"x22" 2006

para Antônio Moura
uma turva
curvatura arma
uma trama
:
urge

sem rumo
nem rumores
cem mouros
:
morrem

sobra um
homem ruim
sobre a obra
:
run home

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Encarando o horizonte


Matt Seasow - "Hellbound3"

O imaginário é a raiz quadrada
de um número negativo
e como tal não tem
o significado no ilusório senso-comum


Não se pode discutir o imaginário
em termos físicos comuns
nem se pode medir a extensão
do imaginário em termos temporais


Perguntar quanto dura um ano imaginário
é sem sentido e auto-destrutivo
porque não há singularidades
no tempo imaginário só eternidade


Para o espaço imaginário isso talvez seja
finito mas sem fronteiras
assim como a superfície da terra
é finita mas ilimitada


O horizonte sempre retrocede
quando nós o buscamos
e sempre que encaramos o horizonte
a eternidade passa num segundo


Raymond Federman..............................Tradução Pedro Vianna

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

oferenda


The Poppy Queen - Beverley Ashe




para narjara oliver


deponho
à teus p(és)
os espólios da
batalha:

a tímida espera
ante
as marés de sonho

o espesso
óleo
saído
do vão das
fer-teis-idas

as
ós(sea)s noites
de carne
&
abandono

meus
las(sos) olhos
costurados
à
tua mortalha

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

a língua do relâmpago



lábios & mãos con
somem o
oco das horas
sobre
vivendo à
escrita elétrica da luz
com navalhas


toc
ando as entranhas
do espírito
feito
sacra
rio entre
tec(ido) na
fronte do poeta
ou voz petri
ficada


procur
ando
sil(abas) azuis
que a res
piração dos páss
aros
leva
consigo


ó
solit
ária injuria
semeada no in
visível
frac
assadas as
cíclicas fugas dos
auto
móveis


rumo ao fogo
inconsumível do o
caso ress
urge
ante a textura das marés
de escárnio
um exército
de sombras vege
tais


per
seguindo relâm
pagos
muito além
das prom
essas
onde naufraga o
esqueleto das convicções


é que res
s(urge)
a impiedosa voz da vi
leza tal altiva
embarc
ação deslizando
contra o fluxo
envene
nado das marés



ou edifícios
chicote
ando o
hí(men) ard
ente dos pesad
elos


o poeta indig
nado
exalta a morte
em suas pálpebras
petri
ficadas


re(colhe)ndo
cacos da real
idade
no peçonhento
poço do poema


como quem co
leciona
(in)s etos
por vaidade