ANJOS BALDIOS 2009,
acrílica s/tela, 140X200 cm
sob um súbito céu de chumbo
atiro ao rio esta palavra-pedra
retirada à força de um velho texto
há pouco lido & já esquecido
já sem rancor ou piedade
assisto à sua inútil batalha
– sílaba a sílaba soletrada –
sobre a página silente das águas
de sua respiração sufocada
surgem outros novos significados
à margem de minha vontade:
ecos de uma canção submersa
vejo & não vejo seu corpo
– ração devorada por peixes –
descer ao mais-fundo-fim
do negro rio da linguagem
e quase ouço seu silêncio
unindo-se à voz dos afogados
numa oração incompleta
feita de espera e ausência
eis que da treva profunda
das líquidas entranhas do tempo
surge a sombra de um verbo
manchando o dorso das águas
e retornas às minhas mãos
– ó íntima nau ressurreta –
não mais palavra ou pedra
mas revelação do juízo apenas:
frio cadáver do poema
2 comentários:
adorei o poema, e o blog como um todo. Vou seguir e divulgar no meu , algum problema ? Se puder de uma olhada lá no meu,quem sabe dar umas dicas!? estou começando e me manterei constante por aqui pois sinto ter muito a aprender com seus versos.. Abraços
O frio cadáver do poema...
belo poema =)
obrigado pela visita.
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