quarta-feira, 23 de abril de 2008

Algum dia


(para Narjara Oliveira,
esta tradução que tudo traduz.)
Algum dia encontrarei uma palavra
que penetre teu ventre e o fecunde,
que pare em teu seio
como uma mão aberta e fechada ao mesmo tempo.

Acharei uma palavra
que detenha teu corpo e o entorne,
que contenha teu corpo
e abra teus olhos como um deus sem nuvens
e use tua saliva
e te dobre as pernas.
Tu talvez não a escutes
ou talvez não a compreendas.
Não será necessário.
Irá por teu interior como uma roda
percorrendo-te ao fim de ponta a ponta,
mulher minha e não minha
e não se deterá nem quando morras.


Roberto Juarroz.............................Tradução Pedro Vianna

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