quarta-feira, 28 de novembro de 2012
teste
sexta-feira, 22 de junho de 2012
propriedade
ó metáfora natimorta
– feto infectado –
esculpindo outras mãos
no sexo
do poema
onde esconder
tua voragem destrutiva
teu funcionamento
de máquina
?
os santos riem de
tua alma
ready-made &
cospem
em teu coração
trans – vegetal – plantado
eu te recolho
de um secular abandono
para construir
o esqueleto
desta canção fratricida
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
porcelana de Celan
foto:pedro vianna
meu
inapto
corpo
opta
pelo
pouco
da palavra
capta
uma letra
&
expele a pele
de uma
estrofe
do vazio
de sua
busca
sou o
primeiro
a beber
domingo, 11 de dezembro de 2011
Sugestões para melhorar a Imagem Pública dos Beatniks
Carl Solomon, Patti Smith, Allen Ginsberg e Willian Burroughs
O mais importante agora é mudar o cheiro dos Beatniks. Ao invés de usarem, por exemplo, a palavra ”merda” tantas vezes em seus poemas, eu sugiro que eles taticamente substituam pela palavra “rosa” onde quer que a outra palavra ocorra.
Isso é apenas um pequeno ajuste.
Isso é tão igualmente AVANT GARDE que a arte não sofrerá prejuízos.
Ao invés de dizer “MERDE” eles dirão “Uma rosa é uma rosa é uma rosa.” Tão AVANT GARDE, podem ver, com uma considerável melhora no efeito criado.
Carl Solomon
Tradução: Pedro Vianna
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Carl Solomon
(Do Uivo (para Carl Solomon) de Allen Ginsberg)
Sim, Carl Solomon realmente jogou salada de batatas durante uma palestra sobre dadaísmo no City College de Nova Iorque. Ao fazer isso, ele e seus amigos estavam realizando uma performance artística, mas anos mais tarde, quando Solomon pediu uma lobotomia para acabar com sua angústia psicótica ele não estava sendo nada artístico.
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
O VESTIDO
Passavam 15 minutos das sete quando o pai de Valquíria entrou na sala com a câmera fotográfica nas mãos. A ansiedade da moça era mais que visível e o pai propôs uma foto na tentativa de acalmá-la um pouco. Seria, em suas palavras, a última foto de solteira da filha. Valquíria ajeitou-se no sofá, mas só conseguiu esboçar a sombra de um sorriso diante da situação. O pai deu-lhe um beijo na testa e pediu-lhe calma, afinal, ninguém estava isento de algum imprevisto.
quinta-feira, 30 de junho de 2011
umas & outras
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
ordálio
ANJOS BALDIOS 2009,
acrílica s/tela, 140X200 cm
sob um súbito céu de chumbo
atiro ao rio esta palavra-pedra
retirada à força de um velho texto
há pouco lido & já esquecido
já sem rancor ou piedade
assisto à sua inútil batalha
– sílaba a sílaba soletrada –
sobre a página silente das águas
de sua respiração sufocada
surgem outros novos significados
à margem de minha vontade:
ecos de uma canção submersa
vejo & não vejo seu corpo
– ração devorada por peixes –
descer ao mais-fundo-fim
do negro rio da linguagem
e quase ouço seu silêncio
unindo-se à voz dos afogados
numa oração incompleta
feita de espera e ausência
eis que da treva profunda
das líquidas entranhas do tempo
surge a sombra de um verbo
manchando o dorso das águas
e retornas às minhas mãos
– ó íntima nau ressurreta –
não mais palavra ou pedra
mas revelação do juízo apenas:
frio cadáver do poema
sexta-feira, 21 de maio de 2010
a criação do nu
reina sobre minha visão
a imagem quase-abstrata
do um corpo diluído
& transfigurado
pelo hálito incestuoso
de Rimbaud
seus cabelos (roubados
de um cavalo morto)
desenham uma trajetória
instintiva no calcinado
coração dos loucos
antes que a noite caia
sobre o horto incendiado
da luxúria, uma luz
há de romper sua estática
submissão agonista
& deformar sua figura
corrompida por minhas mãos
segunda-feira, 19 de abril de 2010
IAP divulga contemplados com Bolsa de Literatura
O Instituto de Artes do Pará (IAP) divulgou na última quinta-feira, 15, o resultado do Prêmio IAP de Edições Culturais 2010 e da Bolsa de Pesquisa, Experimentação e Criação em Artes Literárias 2010. Para a Bolsa de Pesquisa foram contemplados os projetos “Eutanásio”, de Nilson Oliveira, e “Identidade Solar”, de Pedro Vianna. O júri foi composto pelos poetas Antônio Moura e Marcílio Costa.
Já o Prêmio IAP de Edições Culturais contemplou quatro autores, que terão seus livros publicados pelo instituto. No gênero Auto Popular, o escolhido pelo júri, integrado pelo dramaturgo Nazareno Tourinho e pela professora de teatro Olinda Charone, foi o trabalho “O Filho do Sereno”, de Raimundo Harles Oliveira Carneiro. No gênero Ensaio, o júri, contemplou a obra “Andara: Vicente Franz Cecim e a Narrativa Ontológica”, de Karina Jucá. Os trabalhos inscritos foram avaliados pelas prfessoras Marisa Mokarzel e Amarílis Tupiassu.
No gênero Cordel, foram vencedores dois trabalhos: “O Menino que Ouvia Estrelas e se Sonhava Canoeiro”, de Antônio Juraci Siqueira; e “Tempos Melhores Virão”, de Jaziane Almeida Malcher. Nesta categoria, o júri foi formado pelos doutores em Literatura Oral José Guilherme de Oliveira Castro e José Guilherme dos Santos Fernandes. As duas obras serão editadas em um mesmo volume da categoria Cordel.
Em 2010, o Prêmio IAP de Artes Literárias foi dividido em Prêmio IAP de Edições Culturais, voltado aos gêneros Auto Popular, Ensaio e Cordel – este último incluso pela primeira vez na premiação, reforçando a valorização da cultura e tradições populares -, e Bolsa de Pesquisa, Experimentação e Criação em Artes Literárias, cujo objetivo é estimular a investigação e a concepção de novos caminhos temáticos e formais para a literatura produzida no Pará, buscando, ao mesmo tempo, interrogar suas raízes mais genuínas (pesquisa) e ampliar seus horizontes teóricos e práticos (pesquisa e experimentação).
O escritor Vicente Franz Cecim, da gerência de Artes Literárias, explica como surgiu a ideia da criação da bolsa. “Ao longo desses anos, através da realização do Prêmio IAP, conhecemos mais de perto as necessidades dos autores e percebemos que precisávamos estimular a pesquisa em literatura, permitindo que os autores estudem e façam experimentações em termos de linguagem e nas temáticas e, nesse processo, inserir a literatura paraense na contemporaneidade”.
Nilson Oliveira, contemplado com a Bolsa de Pesquisa, comentou sobre a importância do Prêmio IAP, já que é a primeira vez que um órgão dá bolsas de pesquisa literária no Pará. “O trabalho do IAP é, sem dúvida, singular. Muito do que tem acontecido de expressivo na cena artística paraense, em termos de literatura, artes plásticas e visuais, passa pelos agenciamentos do IAP. É um acontecimento visível, algo saudável para os desdobramentos da cena. No caso mais especifico das bolsas de pesquisa literária, essa iniciativa cumpre um papel fundamental para os novos rumos da literatura, uma vez que possibilita condições para o escritor criar, experimentar, desenvolver seu trabalho. É uma bela iniciativa!”
Para Karina Jucá Ferreira, a seleção de seu trabalho foi a premiação de um projeto antigo. “Foi meu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) de 2003 e estava engavetado. Mas, era um sonho antigo publicá-lo. Sou poeta também e pretendo publicar meus poemas, mas gosto muito de ensaios e críticas”.
O IAP publicará três livros, com tiragem de mil exemplares cada, cabendo aos seus autores 500 exemplares, permanecendo 500 exemplares no IAP, para divulgação institucional da obra e doação a bibliotecas públicas.
sábado, 20 de fevereiro de 2010
Homem na rua
O fantasma de um gênio - Paul Klee
.
Tropeçando pela rua sombria, estreita,
você ouve passos seguindo lentos o seu aquiescer,
verifica ao parar, e oh, quão bem há de saber
que forma, no infinito, seu destino espreita:
a si mesmo, retido para dar-lhe a chance de crescer.
.
Robert Stock
Tradução: Pedro Vianna
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
sensação
de contraturas e paralisias
migrando da forma
acessória da palavra
para o útero das abjeções
um órgão indeterminado
captura a insistência
de um grito que subsiste
à boca, cuspindo
cognições transitórias
:
carne & nervo
delineando níveis
para os limites da crueldade
vibra a hipótese de
uma corporeidade rítmica
onde o próprio ritmo
- tambor de Cronos -
é insuficiente
e mergulha no caos
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
quarta-feira, 10 de junho de 2009
poema feito com as mãos
pulsação da palavra
pelo labirinto da
fala
compor um ritmo
compulsivo com a fálica
obsessão da escrita
capturar em suas
entranhas o selvagem
coração da noite
- criar a palavra-tambor -
vibrações de sua
dicção percussiva
penetrar a selva
da linguagem
& num rufar monstruoso
corpo acústico do poema
seu ressuscitado
batuque ancestral
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
creature
fiz este poema
...........à minha imagem
& semelhança:
frágil templo
...........de palavras
consumidas
...........pelo tempo
domingo, 7 de setembro de 2008
Roberto Juarroz: a vertigem da linguagem

quarta-feira, 23 de julho de 2008
Os fragmentos da Semente
Karen Stiehl Osborn - Fragment 7
Desde a sua grafia, o poema tem, paradoxalmente, no fragmento a sua unidade: a fragmentação visual, através do olhar que depara com o espacejamento fraturado do texto; a fragmentação rítmica, que compõe um sonoridade em staccato ao longo de toda a leitura e, por último – mas não menos importante na totalidade do poema – a fragmentação psíquica a que o sujeito, tanto no interior da cidade quanto no interior do poema, está exposto. Fragmentos de luz, de sombra, fragmentos do desejo, da repulsa, fragmentos do corpo, da mente, armando e desarmando jogos de montar e desmontar a memória, a infância, o cotidiano, a história, o mito, o silêncio e a palavra. Este é um espaço onde a poética se desenrola através da acumulação de sentidos, numa voz lírica impessoal e indeterminada, num lugar onde “Nem/ a áspera língua do poeta/ estendida/ no/ chão/ vazado das palafitas/ como/ cadáver das marés/ anoitecidas/ em/ círios/ de embriaguez exaltada/ traz algum/ resquício de conforto/ para a/ triste/ &/ promíscua procissão/ de almas/ em convulsa monotonia. Cenário onde a miséria social e a miséria anímica se fundem num pesadelo onde nada acena com um possível conforto.
Já havia assinalado em relação ao seu primeiro livro, Itinerário Interno, que, apesar de centralizado num eu lírico, o verdadeiro personagem do texto era o caminho, de fora para dentro, percorrido por um olhar transfigurador, que, a meu ver, é inerente a arte e a poesia. Neste trabalho presente o itinerário interno continua, só que numa tensão ainda maior em que “um movimento denso/ construindo/ cicatrizes/ na arquitetura imaginária/ do/ tempo/ perdido/ amortece/ os nervos/ da cidade metálica/ alimentando/ a fúria dos barcos/ entre aromas/ &/ carnificina/ onde/ a morte foi seqüestrada/ pelos espelhos/ da/ infância. Uma fratura permanente na paisagem, nos objetos, no sujeito e na temporalidade que engloba a memória da infância lançada para o presente com todo o peso das coisas existentes, num “horizonte encarcerado”, quase sempre provocante e hostil.

quarta-feira, 9 de julho de 2008
A estranha mensagem
Ele veio nas trevas quando havia silêncio
e de novo trouxe a ternura dos galhos tombando para a madrugada.
Eu subi do fundo do mar como um líquen liberto
para ouvir a sua voz que era imensa
e trazia a ansiedade das flores explodindo,
mas só vi o silêncio enorme como a noite.
E ela chorou dentro de minha tristeza
porque era como a revelação do que eu havia perdido.
Ainda trazia nas mãos o frio dos troncos úmidos da noite,
e nos olhos a humildade da terra encharcada de chuva.
Um dia eu descerei verticalmente e para sempre
ao fundo deste mar onde ela mora
como um barco de pescadores desaparecidos.
segunda-feira, 7 de julho de 2008
o velho
para Ronaldo Freitas
que sonhos sonha
xxxxxxxxxxcom óculos tortos
& um livro sobre o peito
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxo velho e seu
ronco engasgado
como se a morte
xxxxxxxxxxviesse a todo
instante cortejar
seu leito incólume
xxxxxxxxxx& a vida fosse
um mero lamento
regado a cerveja
xxxxxxxxxx& cigarro
num eterno
arrastar de sandálias
xxxxxxxxxxxxxxxxxxpelo infinito
da madrugada
sexta-feira, 4 de julho de 2008
happening
o louco persegue
a insígnia incendiária
do sol
num bailado oriental
sobra sobre
a janela um
pobre poema
sob o sal
do deserto
:
uma palavra-sopro
desfaz a pálida
voz do vento
terça-feira, 1 de julho de 2008
Curtas metragens alemães e poesia contemporânea paraense.

A programação começará com a projeção de 5 curtas-metragens alemães cedidos pelo Instituto Cultural Amazônia. São curtas independentes de uma academia de cinema alemã chamada Baden Wutenberg Academy, todos produzidos por estudantes de cinema com apoio de cineastas famosos, como Wim Wenders. A Exibição desses curtas no Brasil foi a contrapartida do ICAB para a Mostra de cinema da Amazônia na Alemanha, realizando assim o intercambio cultural entre os dois países. Alguns desses curtas foram selecionados para o Student Academy Awards europeu.
Em seguida o poeta paraense Pedro Vianna fará a leitura de alguns poemas de seu novo livro, Sementes da Revolta. O livro, vencedor do I Prêmio Ipiranga de Literatura, foi bem recebido crítica, tendo sido prefaciado pelos renomados poetas João de Jesus Paes Loureiro e Antonio Moura. Sementes da Revolta é o segundo livro da carreira de Pedro Vianna e foi lançado no último dia 21 de junho. Esta será a primeira oportunidade do poeta de ler e trocar impressões sobre o texto recém saído da gráfica com o público.
A programação terminará com uma mesa redonda com time de peso discutindo poesia contemporânea. Os convidados são: Antonio Moura, autor de Dez (Gráfica & Editora Supercores, 1996); Hong Kong & outros poemas (Ateliê Editorial, 1999); e Rio Silêncio (Lumme Editor, 2003). Nilson Oliveira, autor de A Outra Morte de Haroldo Maranhão (Edições IAP, 2006), Benoni Araújo autor de Não por acaso dispersos (Inédito) e Pedro Vianna, autor de Itinerário Interno (Edição do Autor, 2007); e Sementes da Revolta (Fundação Ipiranga, 2008) que pretendem abordar a temática: Poéticas da Transgressão.
sexta-feira, 27 de junho de 2008
naufrágio íntimo
Acrílica, pastel seco e nanquim sobre tela - Paulo Ponte Souza
a solidão é tátil:
título de um livro
que se inscreve
em tempo
& ausência
esmorecer
de uma espera:
íntimo naufrágio
a solidão dispensa
metáforas ou
soluções de estilo
sua língua é
o estilete
sua página
a pele
domingo, 22 de junho de 2008
Matéria Jornal Liberal 21/ 06/ 2008 "Pedro Vianna lança hoje livro de poemas"
'Sementes da Revolta' está sendo publicado como prêmio por um concurso editorial
O poeta Pedro Vianna lança hoje, no Colégio Ipiranga (avenida Almirante Barroso, entre Humaitá e Vileta), o livro Sementes da Revolta, publicado como premiação do concurso de poesia promovido pela Fundação Ipiranga, no qual ele tirou em primeiro lugar. Sobre o livro, o também poeta Antônio Moura escreveu:
quarta-feira, 23 de abril de 2008
Algum dia
que penetre teu ventre e o fecunde,
que pare em teu seio
como uma mão aberta e fechada ao mesmo tempo.
Acharei uma palavra
que detenha teu corpo e o entorne,
que contenha teu corpo
e abra teus olhos como um deus sem nuvens
e use tua saliva
e te dobre as pernas.
ou talvez não a compreendas.
Não será necessário.
Irá por teu interior como uma roda
percorrendo-te ao fim de ponta a ponta,
mulher minha e não minha
e não se deterá nem quando morras.
Roberto Juarroz.............................Tradução Pedro Vianna
sexta-feira, 11 de abril de 2008
Alvorada
Que, quando ela dorme, parece a face talhada de um anjo.
Seu cabelo uma harpa, que a mão da brisa persegue
E toca, contra a nuvem branca dos travesseiros.
Então, em uma explosão rosa, ela acordou, e os seus olhos abertos
Nadaram em azul através de sua rósea carne amanhecida.
Do orvalho de seus lábios, a queda de uma palavra
Caiu como a primeira das fontes: murmurou
"Querido", em meus ouvidos a canção do primeiro pássaro.
"Meu sonho torna-se o meu sonho", ela disse, "realizado.
Eu acordei de você para o meu sonho de você."
Oh, meu próprio sonho acordado então ouso assumir
A audácia do seu sono. Os nossos sonhos
Vertidos nos braços um do outro, como riachos.
Stephen Spender....................................Tradução Pedro Vianna