sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Elegia

para Narjara Oliveira

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Construção



aqui
onde a forma
é procura
o poema trama
um novo
estratagema:

torturar a
palavra insegura
até que surja
da chama
uma
outra estrutura

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Elo

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Limite


"Ecrire, c'est entrer dans la solitude où menace la fascination.
C'est se livrer au risque de l'absence de temps,
où règne le recommencement éternel."


Maurice Blanchot


teu corpo
retorna
ao horizonte de meu
entorno
oco de significados

toco
fincado
na tosca superfície
dos
sentidos

copo
entornado
sobre a mesa posta
do
acaso

voz
um
bertoecoando
nos corredores
da
alma

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

(ident)idade solar





do instante incendiado
galopa um crepúsculo
de
olhares desbotados
atrasando os relógios de sangue
&
a cabeleira líquida
do nada

isso (não) é o sol
cor
roendo as vestes do céu
como
inscrição sulcada
no seco solo do tempo
como
lâmina atravessando
o
murmu
rio da espera

(in)diferente
a todo estreme
cimento
derrama-se o mecanismo
(in)fatigável
do
desejo

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

O intruso




Ele invadiu, forçou a fechadura, ou roubou
a chave, e sabia o código para desarmar o alarme,

algum desabrigado, um maluco de rua, inofensivo
você poderia dizer, mas está errado: ele gosta daqui, e ele fica.

Ele vasculha meus armários e gavetas da cômoda
e experimenta minha roupa, e acontece, claro, dela servir-lhe.

Ele corre meu pente nos cabelos. Usa minha escova de dente.
Ele deita no meu lado da cama para um cochilo.

Ele instalou-se. De manhã, ele senta em meu lugar
e toma seu café com torradas, lendo meu jornal.

Ele pega meu carro e dirige para dar minhas aulas;
Durante meu período no escritório ele encontra meus alunos.

Não somos tão diferentes. Mas ele está vivendo minha vida.
Tento alertar meus amigos com quem ele janta

ou minha esposa com quem ele dorme: “Esse não sou eu.
É um impostor. Como vocês não percebem?

Ele é velho! Ele é sujo. E, também, claramente louco!
Como pode enganar-lhes assim? E como vocês o suportam?”

Eles não me dão atenção, fingindo não ter percebido.
Poderiam estar eles juntos nisso de alguma forma?

Mas qual seu propósito? Foi ele também destituído
do apartamento, emprego, e esposa? Isso lançou-lhe em desespero?

E devo eu sair agora em busca de uma vítima,
Invadir sua casa, e começar a viver sua vida?


David R. Slavitt -------- Trad.Pedro Vianna


segunda-feira, 12 de novembro de 2007

pai s agem e s s encial



língua s ar
dem delirante s
no vortex
da zona s onhabortada
onde
o
poema vomita
um entrecortado enigma
que di s s ipa o fervor da s imagen s

corpo s afogam a noite fragmentada por
reflexo s
em deva s s a convul s ão

paira s obre o s de s avi s ado s
um torpe gemido em forma de
S
barco bêbado & carregado de injuria s
ra s gando
o
dor s o da realidade

olho s vendado s s obre
o
alfabetoe a re s piração exaurindo
o
oco
da s hora s

sábado, 10 de novembro de 2007

o convite

fomos convi
dados para a festa da morte
para dividir seu re
pasto e suplicar-lhe os restos
para per
seguir seu rastro de ódio
& sangue & conduzir seu rebanho de hum
ilhados até os com
fins do esque
cimento

fomos convi
dados para o cortejo dos aflitos
para tatuar seus an
seios no tórax do poema
com a lâmina gasta nossa voz oprimida
re
velar o animal con
sumido pelos d
entes do ocaso
antes que os ossos & as horas se trans
figurem
em embarcações vio
lentas

fomos convi
dados para o baile dos afogados
para roubar-lhes as pa
lavras submersas
em igara
pés rasgados pela imagin
ação doentia
como se nada restasse além de um canto
para os que calam
ante a curva
tura dos b
arcos